Drogas, Dependência Química, Comunidade Terapeutica e CTDQ-PCJ
Postado em 20/10/2022
08-05-2011
Autor:Regina Celia Felix Loureiro e Silvestre Falcao Santana
Neste Dia Internacional de Combate às Drogas (26 de junho), preferimos tratar do assunto
da Dependência Química, hoje reconhecida pela Organização Mundial de Saúde – OMS,
como uma doença.
O uso de drogas tem se tornado algo alarmante e de extrema necessidade de atenção por
parte das famílias e dos órgãos públicos principalmente no que se refere a saúde e a justiça.
Quanto mais se aumenta o número de usuários e suas conseqüências, infelizmente
percebemos que não se aumenta na mesma proporção o número de assistência por parte do
governo.
A falta de prevenção a crianças e jovens, a falta de orientação aos familiares e a falta de
capacitação aos profissionais, são fatores que levam a desorientação e a abordagens
inadequadas em relação a esta questão.
O abuso das drogas além de levar a prejuízos ao indivíduo, também faz ocorrer prejuízos a
sociedade em geral, onde não só o usuário se torna refém de suas conseqüências, mas
também todos que estão ao seu redor. Ao passar do tempo esses prejuízos vão se
estendendo a perdas, derrotas, tragédias e a morte.
Ainda que o indivíduo comece no uso drogas por curiosidade ou influência dos colegas, o
seu uso contínuo o faz abusar das substâncias psicoativas consumidas, e ainda tem a
probabilidade de substituir uma droga leve para uma mais pesada. Através deste hábito, o
seu cérebro vai adquirindo uma dependência pela substância de uso, o que produz a doença
da dependência química, que é de ação compulsória.
A OMS considera a dependência química como uma disfunção comportamental, portanto
ela deve ser tratada como doença. Diante da calamidade que esta doença causa, se
comprova que ela é de ordem progressiva, incurável e fatal. Progressiva, porque ela e suas
conseqüências se agravam com o abuso contínuo; incurável, e por isso deve-se buscar o
controle através de tratamento; e fatal pois o caminho dela, é instituição, cadeia ou
cemitério.
Existem várias formas de controle e tratamento para esta doença que tem como objetivo
ajudar o adicto de acordo com o momento e a gravidade em que ele se encontra. Uma das
formas de ajuda é a Comunidade Terapêutica que surgiu dos próprios usuários. Conceito
este aplicado pelo psiquiatra Maxwell Jones. A partir da déc de 50 ela ganhou força, se
configurando como um tratamento baseado na aprendizagem social através da convivência
de pares que tinham o propósito de alcançar um novo estilo de vida, através das normas de convivência e da disciplina. O tratamento nas Comunidades Terapêuticas é feito através do
Compartilhamento, Espiritualidade e Honestidade.
COMUNIDADE TERAPÊUTICA
Estaremos apresentando o tratamento oferecido pelo Centro de Tratamento para Dependentes Químicos – “Pequena Comunidade de
Jesus” - - CTDQ/PCJ.
O CTDQ/PCJ, foi inaugurado em 28 de março de 2009, tendo iniciado suas atividades em
01 de abril de 2009, com a adesão de 12 (doze) residentes, do sexo masculino, maior de 18
anos, dependentes de álcool e outras drogas. Hoje o CTDQ/PCJ está atendendo média de
20 residentes em regime de internação buscando após os 09 meses se inserirem na família e
no trabalho mantendo-se na abstinência e na sobriedade. O Programa Terapêutico do
CTDQ/PCJ está fundamentado num método de base científica chamado Sete Passos e
20 Princípios do Processo Terapêutico de Recuperação. O Programa define as
modalidades de tratamento, os critérios de elegibilidade, as regras de funcionamento, bem
como metodologia e técnicas que são adotadas pela equipe Interdisciplinar, no tratamento
dos residentes e de seus familiares, embora na condução desse Programa, os profissionais
associam diferentes conhecimentos, de acordo com suas experiências específicas. Tem por
objetivos específicos: conduzir e efetivar o processo de desintoxicação - identificar os
fatores internos e externos que desencadearam o processo de dependência química para
possibilitar o restabelecimento dos relacionamentos sociais, familiares e consigo mesmo -
envolver os residentes em atividades que possam conduzir ao auto- conhecimento e ao
processo de transformação interior, afetiva e sócio-familiar - resgatar e fortalecer a auto-
estima e a autoconfiança - instrumentos terapêuticos, que possibilitem a revisão de valores
e o amadurecimento - promover eventos para estimular a participação efetiva da família no
processo de tratamento e o com isso o resgate sócio-familiar - despertar por meio da
convivência fraterna um Deus que é capaz de restaurar vidas - utilizar instrumentos
metodológicos que possibilitem a melhoria dos relacionamentos interpessoais, como
também resgatar e fortalecer a espiritualidade em busca da essência do individuo -
viabilizar a re-inserção do residente na sociedade, após a alta - acompanhar por meio de
projetos específicos aos familiares buscando identificar o processo de desenvolvimento da
dependência química e promover orientação de convivência. O CTDQ/PCJ, como
princípio evita o uso de medicamento, sem no entanto deixar de considerar os casos onde o
medicamento se faz necessário. Mantém a abstinência no processo de desintoxicação, que
é obtida por meio de dietas, laborterapia, esportes e exercícios físicos e a sobriedade com
adoção de uma pedagogia espiritual e psicológica, que atuam na reformulação do caráter e
comportamento.
As modalidades de tratamento se dividem em: RESIDÊNCIA - A residência no CTDQ/PCJ
é de nove meses. REINSERÇÃO SOCIAL – se dá após 09 meses de internação, por meio
de avaliação do “Processo Terapêutico” do residente. PÓS TRATAMENTO - Após
cumprirem a residência de nove meses, ocorre o oferecimento de Manutenção de
Tratamento, que é efetuado no próprio CTDQ/PCJ. ACOMPANHAMENTO FAMILIAR –
Ocorre duas vezes ao mês para os familiares que estão com dependentes em tratamento.
Após o cumprimento de nove meses, também é oferecido o acompanhamento familiar. O
CTDQ/PCJ possui um Coordenador Geral que é responsável pela administração do
programa terapêutico e pela administração da instituição, como também uma equipe interna
de trabalho e voluntários como psicólogo, médico, pedagogo, terapeuta, fonoaudiólogo,
assistente social, psicanalista, religiosos, dentre outros, que constituem o pessoal de apoio
clínico, ou seja, oferecem serviços integrados aos planos de tratamento dos residentes., a
qual o CTDQ/PCJ, denomina de Conselheiros dos Grupos de Encontros. É sugerido ao
residente que ele faça o F.S.D (folha de sentimento diário) escrevendo assim sua história de
recuperação. O CTDQ/PCJ é mantido totalmente por DOAÇÕES – materializada pela
generosidade dos irmãos. “Conforme a comunidade terapêutica (CT) continua a evoluir
como serviço humanitário básico, ela vai se modificando, reformulando a composição de
seu quadro de funcionários, alterando sua abordagem e, em certa medida, ajustando suas
metas. Essas mudanças são esperadas e consistentes com o próprio ensinamento da CT, que
enfatiza que a única certeza na vida é a mudança.”(DE LEON, 2003). Dessa forma o
CTDQ/PCJ, vem evoluindo em sua própria metodologia de trabalho, estando como uma
alternativa efetiva de tratamento dos dependentes de substâncias psicoativas, bem como no
acompanhamento de seus familiares. De 2009 a 2011 passaram pelo CTDQ/PCJ cerca de
69 dependentes químicos, dos quais 33% concluíram o Programa Terapêutico de nove
meses. Dentre os que concluíram o tratamento 66% encontram-se na abstinência e na
sobriedade. A força fundadora da Comunidade de Aliança “Pequena Comunidade de Jesus’
– PCJ, que resultou na construção do Centro de Tratamento para Dependentes Químicos –
CTDQ, é o Dr.Silvestre Falcão, formado em Psicologia no ano de 1994. Há mais de 30 anos ele
empreendeu os trabalhos com Dependentes Químicos em Cachoeiro de Itapemirim/ES,
cidade onde nasceu em 19 de dezembro de 1967”. A Estrutura Organizacional do
CTDQ/PCJ é composta de Equipe Interdisciplinar e Equipe Técnica, sendo que não
podemos deixar de registrar que todos contribuem com o Centro VOLUNTARIAMENTE.
È importante ressaltar a importância do Orientador Social (monitor) no processo do
cumprimento do Programa, como também a participação dos residentes na rotina diária das
instalações, sendo eles os protagonistas no processo de tratamento e recuperação propostos
pelo Programa.